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Um estudante do 3º ano do Ensino Médio, que quer ser ator, escritor, pai... Que busca de todas as formas expressar o que pensa e sente. Raiva. Amor. Vou buscar falar de cada coisa um pouco, e principalmente, meu livro. Espero que gostem, e não esqueçam de comentar e criticar. '' Não sou grande coisa, e nunca terei tudo, à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. ''(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Carta reveladora - final




8 dias depois.




Tudo estava mais calmo. Chegou a hora de realizar seu plano. Pedro escreveu sua carta: apenas algumas linhas. Resolveu deixá-la em baixo da TV.
Ele foi visitar Vanessa que mal podia acreditar: ele estava sendo super carinhoso e não só com a criança. Passava as mãos pelos cabelos da moça, acariciava seu rosto; estava se mostrando muito romântico. Tanto que ela começou a ceder. A intensidade dos movimentos foi aumentando e eles tiveram uma maravilhosa noite... Na verdade, às 8 horas do dia seguinte não é mais noite.



Quando voltou à sua casa, suas malas já estavam prontas, como pedira a um amigo. Bárbara não conseguia acreditar: estava sento trocada. E ainda pela mulher que a iludiu com o projeto de um filho. Pedro nunca pensou que a última coisa que diria a sua ex-mulher seria:
- Tudo isso vai se resolver.
Nunca mais se viram.
Ele morou com Vanessa e seu filho por 2 meses, que foi o tempo que Bárbara suportou a depressão. Ela não aguentaria mais esse desespero, precisava exterminá-los. E seu filho?! Que filho?! Não era dela!
Levou um galão de gasolina e fósforos até a casa de Vanessa. Jogou o líquido por todo o terraço e nas paredes da residência, algumas gotas chegaram a pingar em seu cabelo que estava muito volumoso devido seu estado de loucura. Tlac! O fósforo estava aceso e um segundo depois a casa começou a pegar fogo. Bárbara após alguns minutos viu que sua ida até ali não tinha sido em vão e voltou para casa.
A fumaça começou a chamar a atenção dos que estavam dentro da casa; até a criança a percebeu. Eles não entendiam muito bem o que estava acontecendo, e tentavam desesperadamente fugir: Vanessa segurando seu filho. Ela tentou pular a janela, mas deparou-se com as grades. Pedro ao tentar derrubar a porta da sala foi tomado pelo fogo. Ele o dilacerava, lembrou de ter lido em algum lugar que morrer queimado era a pior morte possível. Demorariam 3 minutos para que as chamas queimassem todas as partes sensíveis da pele. Antes disso ele caiu no chão e o fogo virou uma mistura de laranja e verde que serviu de pano de fundo para as imagens que via: o dia do casamento, o dia do parto de seu filho e quando deixou Bárbara. E assim morreram. Sem saber que o incêndio era criminoso.
Bárbara chegou em casa e teve um ataque. Furiosa, derrubou todos seus móveis, esmurrou as paredes e jogou sua TV no chão. E para sua surpresa havia um carta em baixo dela. Para acalmar-se foi à cozinha e bebeu uma taça de vinho. Sentou-se lá mesmo e abriu o envelope.

‘’ Querida, espero que esteja bem ao ler essa carta. Melhor, espero que não precise lê-la, espero que eu conte tudo isso pessoalmente. Deixei você, mas como tudo que sempre procurei fazer foi para seu bem. Fui à busca de nosso filho, mas para isso precisarei conquistar aquela vad... Peço desculpas. Mas quando eu lhe entregar NOSSO filho tudo isso vai valer à pena. TE AMO! ‘’
Pedro.
Bárbara não conseguia acreditar nisso tudo. Ela havia matado seu filho e o homem que a amava. Agora estava arrependida, mas não havia mais jeito: estava sozinha no mundo.
Num ato de irresponsabilidade deixou tudo de lado e comprou passagens para uma cidadezinha no interior do Maranhão. Ela pretendia reconstruir sua vida por lá, ou ao menos tentar. Porque conseguir era uma travessia intransponível.
Entrou no ônibus e sentou-se em uma poltrona próxima à janela. Mais à frente, em um campo de rosas um casal de borboletas azuis-violeta deixavam em cada flor seu casulo: o retrato da fertilidade; o que Bárbara não tinha, seu corpo era estéril, era mais árido que um deserto ao meio-dia. Ela fascinou-se com essa imagem, a calma da região a envolveu. Relaxou tanto que dormiu e nunca mais acordou.

19 de outubro de 2009
Weslley Fontenele

3 comentários:

Jr Vilanova disse...

Weslley!

Que bom que está de volta a blogosfera! Vê se não some por tanto tempo!

Você está a cada dia mais especialista em contos, hein! Parabéns e não deixe de exercitar seu talento!

Apolinário Júnior.

Thiago disse...

Muito bom mesmo! Agora tem que fazer a continuação... tipo, deu uma curiosidade pra saber o resto sobre a Bárbara, a nova vida dela...

Parabéns pelo conto! \o/

Anônimo disse...

Thiago --> "[Bárbara]Relaxou tanto que dormiu e nunca mais acordou."